Azul

Sem nuvens, hoje o céu está só azul

só… mas não sei se o só é pouco ou muito.

Só sei que é um azul simples, sem vaidade, vago… só azul…

Azul que se parece com minha alma.

Talvez os olhos sejam espelhos,

e esse azul que vejo,

Quando fecho os olhos

é o mesmo que encontro por dentro.

 

Sem nuvens, hoje o céu está só azul,

como se estivesse nu.

Mesmo assim, não dá para ver,

o que se esconde por trás desse azul.

Talvez os olhos sejam espelhos,

e se eu fechar os olhos,

seja mais fácil descobrir esse segredo

Por dentro.

 

Parece mais sensato,

saber o tom do azul de dentro,

para pintar com o azul de fora,

mas as vezes, parece que carrego um céu por dentro,

e acabo me perdendo nesse infinito

quando tento saber seu fim e início.

 

Só sei que é pouco e muito.

E talvez o as vezes e as vezes o talvez,

é o que faz esse azul ser único.

E o que se há de fazer?

É seguir a intuição.

Continuar respirando fundo e ser puro.

Por que segredo é segredo,

e talvez os olhos sejam espelhos,

e apenas quando fechar os olhos,

fechado em um túmulo,

saberei o porquê dos mundos.

O mundo é mais bonito,

quando aquilo

que não faz sentido,

não faz sentido.

 

O que não faz sentido,

é imprescindível,

feito a sutileza da alma

nos dias de chuva.

se o tempo deixar

Às vezes me dá vontade de andar

e nunca mais parar.

Sem destino, sair à vagar..

fazer dos lugares por onde passar,

meu lar.

Sem pressa, não quero atalhar.

Quero mais que passar, quero passear

e se o tempo deixar,

por esses lugares repassar.

 

Agora que o tempo é relativo,

do meu, me tornei amigo

e juntos, com juízo

ou em perigo,

sigo a bússola que trago no peito,

sem medo,

para descobrir meus segredos.

Susto

O tempo distrai,

o tempo todo

e destraça,

por vezes.

 

Por entres..

fins e começos

ele se disfarça,

justamente,

por não existir espaço.

Não há vão, nem espera..

não há tempo, para o tempo.

É de repente. Um susto,

aos distraídos.

 

 

 

Raio-X

O céu parece trincar-se

no instante:

quando um raio,

de traço imperfeito,

retorcido, feito..

um traço por mim feito,

feito graveto. Faz…

 

Um corte seco, no céu.

Tão fugaz

que não se faz

legítimo ao olhar.

É agudo, intrínseco.

É um escapar.

Um piscar…

Um risco, na alma.

13

Semana que vem já é dezembro

dezembro vermelho de natal.

Pra mim, a data de maior dengo,

onde a pureza passa a ser natural.

 

Putz! Semana que vem já é dezembro!

Num descuido mais um ano se vai

eu nunca sei qual o tempo do tempo

e nesse meio tempo, as rugas aparecem, quando o rosto se contrai.

 

Na verdade, o tempo é abstrato.

O engraçado é que ele não volta,

mas nunca passa quando guardado

em retratos na memória.

 

Lembro dos meus tempos de pequeno

a esse tempo sim, me rendo.

Se possível, o teria vivido o mais lento

não pelo tempo, pelos momentos.

 

Naquele tempo, o natal era muito vermelho

apesar da casa velha, sem chaminé

de pé em pé, o Noel estava lá dentro

e antes d’eu abrir o olho, ele dava no pé.

 

Meu presente na árvore ele sempre deixava

nem sempre era o que eu pedia nas cartas,

mas nunca vi muita diferença entre ouro e lata

vigiar o Noel era o que me fascinava.

 

O presente só é verdadeiro e bom

quando temos o dom

de olhar e fazer do objeto

apenas o veículo do afeto.

 

Infelizmente, hoje o natal

se tornou apenas uma data comercial.

As pessoas só renascem,

para as próprias e mesmas vaidades.

 

Busco renascer, mas não do zero

pra ser sincero, talvez por intuição,

penso que nunca teremos as costas leves

cada um sempre carregará seu quinhão.

 

Apesar do quinhão ser meu,

o peso da verdade só pertence à Deus.

Conformo-me com o peso do acaso

?Vai ver o acaso é a própria verdade! (…)?

 

Ah! Mas deixa disso, quero apenas

tornar meu silêncio intenso

pra deixar minha alma serena

e não se espantar com os medos de dentro.

 

Apesar de ainda ter o bigode fino,

percebo que já não sou tão menino.

Vejo que o natal é mais que um Papai Noel

isso eu percebi, me transcrevendo no papel.

 

Mas eu ainda tenho bigode fino

e pro bom velhinho escrevi minha carta,

pedindo mais bigode e olhos de menino

para que eu não veja o mundo com tanto pessimismo e mágoa.

Quero uma casa no interior.

Rua de pedra, duas portas,

e três janelas, no máximo

e só,

e só envelhecer.

 

Ter o tempo em rugas:

com a pele desenhada

por todos meus destinos.

E não,

não envelhecer.

 

Tomar leite com farinha de milho,

numa manhã morna

enquanto o sol acorda..

e só,

só amanhecer.

 

Um céu escuro a assobiar.

E entre brilhos e brisa,

abrir portas e janelas

e só,

só dispersar.

 

Ter a companhia da gaita,

pra momentos de tristeza.

E um céu escuro a assobiar…

E só,

solidão.

 

Ter um dia a mais ou a menos

E no meio destes,

29 de fevereiro.

E só,

e sobrar.

 

Quero o esquecimento

da moeda, da cruz, do prédio

e do resto. Da vida e da morte,

e vice-versa…

E só. E pó.

Devoto

Quando o céu está sem nuvens

meu caminho é sem curvas

 

quando está bordado em nuvens

meu caminho é cem curvas

 

ah! É um encanto, o céu

imenso e pleno,

ao mesmo tempo.

Desses dias

Dia desses,

eu quis o nunca

depois o sempre.

Dia desses,

a gente se perde.

 

Dia desses,

quis o sempre

pra ter o nunca.

Em dia desses,

a gente quase se encontra.

 

Dia desses,

todo o vermelho

era puro sangue.

Dia desses,

a gente sangra.

 

Todos os dias

o céu sugere-me

uma conversa.

Dia desses,

olhei para cima sem relógio.

 

Dia este,

entre o sempre e nunca

a pausa foi selada.

Dia este,

essa gente deixou de ser um quase.

 

Dia desses,

são dias, só.

E esse vermelho,

em algum dia, desses,

não será mais por sangrar.

Das conversas

Se você fosse cega,

eu coloriria sua tela.

Se você fosse surda,

faria do nosso namoro, música.

E se você fosse muda,

ah! Estaríamos casados, com filhos em fartura.

 

Se você não fosse brava.

nosso namoro não teria graça.

Se você não gostasse de Oasis,

nosso namoro seria um porre, como as leis.

E se você não fosse bruxa,

ah! Teu apelido seria: flor murcha.

 

E se você fosse até uma virginiana,

eu ainda assim te amaria, como te amo.

 

O que você fosse… eu te amaria,

mas ainda bem que você é.

Folha de rosto

Poemas são mancos,

a poesia está no branco.

 

De tanto andar em linhas,

tropeçando em palavras

catando rimas,

ritmos e demasias,

a perna se atrofia.

Poemas são mancos

a poesia está no branco [da folha, do olho.

 

O vazio é uma eternidade.

O que é invisível está no olhar

e somente.

Somente vire a folha.

 

 

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Avulso

Ando por aí avulso

por aí é um caminho.

O passo vem do pulso.

 

O pulso não pausa

o caminho é por aí

sem fim nem pautas.

 

Por mim,

entre linhas e veias

teço-me por aí.

Do avesso ao verso 

Ultimamente, tudo vira verso.

Primeiramente, você tornou-se meu avesso.

Confesso… Ultimamente,

tudo tens virado verso.

 

Essa interrogação,

é respondida pelo próprio sarcasmo

com que foi perguntado:

-O que seria do verso, se não fosse o avesso?

Ironia

A tecnologia avança,

na mesma medida,

paços atrás a gente anda;

– Caminhos de curupira.

 

Alguns esforços se resumem

em criar robôs a nossa semelhança,

cientistas com almas de crianças

criam brinquedos de grande volume.

 

Quase humanos, eles cantam

dançam e fazem charme.

Tudo isso e com um bônus:

não tem mal de Alzheimer.

 

Os avanços tecnológicos

tornam robôs mais humanos

e humanos frios e gananciosos

(…) humanos menos humanos.

 

Nossos esforços se resumem,

em viver uma rotina mecânica

fazemos parte apenas de um cronograma

e de praticar a compaixão, perdemos o costume.

 

Menos humanos, somos puídos

em olhar apenas o próprio umbigo de ferro,

com a prepotência de sermos evoluídos

somos enferrujados pelo ego.

 

Uma relação de simbiose:

robôs quase humanos,

humanos quase androides.

Uma relação de ironia

mais irônico ainda

é pensar que talvez essa seja a única saída,

já que nosso combustível incolor está secando.

Poema

Quando o grito amadurece,

torna-se silêncio.

Quanto o silêncio, é quando:

ecos

de seus ecos

   e mais ecos

encurralam o grito

no beco de seus ecos,

até que o silêncio amadurece

e torna-se um eco, no singular.

Nós

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A única coisa cega,

No amor

São seus nós;

Feitos de nossos

Dedos, desejos, fibras,

Medos e olhares sujeitos.

Pra que não fiquemos sujeitos

Independente do que vier

Um do outro

Estarmos sós.

Somos um, somos nós.

Quarto

Vejo apenas paredes

E duas rachaduras.

A porta e a janela

Estão enraizadas;

Vejo apenas paredes

E uma lâmpada no teto.

A luz está enferrujada,

Está escuro.

Leio bem esse escuro

Posso ver tudo, qualquer.

Tudo que vejo são paredes

E suas rachaduras

Duas,

Como meus olhos

Que permanecem fechados.

 

Talvez eu seja analfabeto.

Obrigado!

* Dia dela, D. Mara.

Não sô fã de calendários.

Tão pouco dos aniversários.

Nos prendemos em círculos

E voltamos sempre ao início

Esquecendo que a vida é fio retilíneo.

 

Também não sô fã do mercado,

Nem sempre o presente vem de bom grado.

Sem perceber somos materializados

E ao comprar o presente,

Acabamos sendo comprados

 

Talvez eu seja chato

De querer dar lição

Em pleno aniversário.

Mas o que eu quero dizer

É que o tempo é o presente

Sem passado nem futuro,

Sem preços e embrulhos.

 

Falando em aniversário

Antes de fazer meu primeiro,

Essa cultura já havia feito vários,

Então se não lhe der um presente, fico sem jeito.

 

Mas em nenhuma vitrine,

Vejo algum objeto

Que se torne um presente

Que comporte meu afeto.

 

Sempre tenho dúvida sobre o muito

O que é muito? 54 anos ou um turno?

Papeis de reais ou um rascunho?

Não sei…

Mas acho que ter muito

É se esquecer do cujo.

 

Em meio a dúvida acho engraçado,

Você fazer aniversário e eu ser presenteado

Pois, o tempo é um presente

E de viver o presente ao seu lado

Sou abençoado… muito…

Muito obrigado!

Solidão é Alma

Solidão é alma

Faz do silêncio, sua conversa

Sem atalhos e muros

O escuro, acende a chama da vela.

 

Barco a velas é mar

O vento sopra, as ondas se movem

Sem semáforos nem motor

A imensidão se faz volante, por si só.

 

O medo nos encolhe.

O escuro não é obscuro

E da própria sombra, a gente foge.

 

O mar não tem norte nem lados.

O vazio não é sombrio

Ser vago é o que nos torna bravos.

Neblina

 

Eu devia estar apavorado

Com tudo desmoronando;

Ou estar com medo

Por sentir amor;

Sentir-me culpado

Por deixar o gelo derreter;

Ou sentir-me cinza

Neste dia de neblina.

 

Devia estar com nó na garganta

Por estar vestido em nós cegos;

Ou pisar no freio

Quando o amor acelera;

Devia procurar a resposta

Mas a dúvida convenceu-me;

Devia estar perdido

E apesar de estar, não me sentir em abrigo.

 

Não devia querer navegar

Quando a tempestade acorda o mar;

Não devia sentir-me bem

No meio de tanto caos;

Não devia fazer da poesia

Esse rabisco da minha vida;

Não devia querer que minha vida

Um dia se torne poesia.

Ser o caminho

Tudo é necessário

Mesmo quando o padeiro for o diabo,

Comer o pão é necessário

Até quando tudo estiver dando errado

Errar é sábio

E o sentido…

O sentido nunca é sensato.

 

Não procure atalhos

Mesmo que o caminho pareça amargo,

Não olhe para os lados

Procurando um caminho contrário

Sinta cada passo

E o destino…

O destino é apenas o acaso.

 

Existem várias receitas

Para se ter uma vida perfeita.

Perfeição? Isso não me conduz.

O caminho mais curto? Não me seduz.

Não quero sucesso nem ser correto

Prefiro carregar minha cruz

O seu peso me traduz e me introduz

Ao mundo de forma nu.

O que me faz vivo

É saber que sou o próprio caminho!

Sereno

Aprendi a gostar dos meus domingos

Neles me desprendo da correria do dia a dia

Sem compromissos, me sinto à deriva

Fico apenas tentando ler o que foi escrito nas entrelinhas

 

No domingo, eu cedo me levando,

Tomo café e um bom banho

E de cara, no chão me esparramo

Sem quase nenhum movimento

Torno meu domingo um silêncio

Nesse silêncio aprendo a decifrar,

A linguagem do soprar dos ventos

E nessa brisa as entrelinhas me dizem: só é preciso respirar

Fecho os olhos e presto atenção

No momento em que o ar enche e esvazia meu pulmão

(…)

Ê … só respirar vai muito além da razão.

 

Abro os olhos e me deparo com o céu infinito

Me perco no seu azul e apenas o admiro

Sinceramente? Viver? Não vejo nenhum sentido

Mas respeito minha ignorância

E deixo tudo nas mãos do destino.

Confio! Já que essa mão me colocou,

Em um útero que nunca me faltou amor

(…)

O infinito do céu fica pequeno, perto desse sentimento.

 

São nesses dias devagar que encontro minha paz.

E nessa rotina, ninguém percebe a essência da vida

As pessoas respiram, mas não param para respirar

Isso não é respirar é se sufocar.

 

Quase sozinho, passo o dia deitado

Sobre a luz e a sombra do sol

Sobre essa metáfora descubro que dentro de mim nunca estarei só.

Primeiros Pontos

Pontos e Abismos

 

Amarrar os pontos

Jogar-se ao abismo.

 

Pontos e abismos,

Opostos e sinônimos

Sem medida,

Ambos são infinitos

Sem respostas,

Ambos são equilíbrio.

 

Não evitar o conflito

Buscar atrito e se perder

Entre pontos e abismos.

 

O primeiro post é um saco, por que ele carrega a responsabilidade de ser o primeiro post. Assim como o primeiro beijo e as primeiras coisas que fazemos.

Bom, eu sou meio cru e virgem nesse lance de blog e de escrever, então não sei o que escrever no primeiro post: se me apresento, explico o nome da página ou tento mostrar minhas intenções e pretensões em relação a essa criação. Não sei!

Bom, não sou muito fã de apresentações, e ela é desnecessária pois, cada texto e poema que for publicado, trará um parte de mim e me apresentará mais do que essas formalidades. O nome da página e as minhas intenções ao cria-lá não vou explicar por que não estou com vontade (rs) – são coisas bem subjetivas e se eu fosse dissertar sobre elas, acabaria escrevendo muita coisa e não dizendo nada. Por isso o poeminha curto.

Então… sem apresentações e explicações. E prefiro que seja assim, prefiro o caos que as dúvidas trazem. E como o primeiro post carrega o peso de ser o primeiro, vou pegar umas palavras emprestadas do Humberto Gessinger para salvar meu post.

POEM(*)S COM NOTA DE RODAPÉ

(*uma perda de tempo ao quadrado)

Poemas seriam perda de tempo? E notas de rodapé?

Se ainda vale a matemática que me ensinaram,

dois números negativos multiplicados

resultam num número positivo.

Espero que uma perda de tempo ao quadrado

seja um ganho… de tempo.